Tem alguns objetos (ou cheiro, paladar, imagem, enfim!) que funcionam como alavanca que nos transportam direto para algum momento do nosso passado. Certas lembranças adormecidas pela correria do dia-a-dia, despertam trazendo momentos de pura reflexão.
Acredito que a paixão que tenho por fotografias eu tenha herdado da minha mãe. Numa época em que só podíamos tirar fotos em momentos especiais, em que todos se posicionavam em frente à câmera, fazendo "xis" e torcendo para que ela não "queimasse". Aquele momento que seria eternizado através de rolos de 12, 24 ou 36 fotos. E a expectativa ante a revelação para saber quais as que ficaram boas e quais seriam descartadas.
Tínhamos uma boa quantidade de fotos. Mas as fotos que eu mais gostava de ver eram as que estavam no monóculo. Que invençãozinha engraçada! Lembro-me que mamuska (sim, assim chamo minha mãe) tinha de várias cores e tamanhos e eu e meu irmão disputávamos cada um deles pra ver e rever as fotos. E quantas vezes escondidos dela, nós tirávamos as fotos dele e colocávamos formigas para serem analisadas.
Hoje graças à tecnologia tiramos fotos a torto e a direito. Foto da família, do amor, dos filhos, dos animais, de acidentes, de comidas, eróticas, enfim, quanta coisa mudou daquela época para cá.
De vez em quando volto para o passado, naquela época que a inocência ainda não havia sido perdida. Ô tempinho bom! Por que será que o antigo mexe tanto conosco?
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